Só queria que me dessem alguma atenção, algum amor...
Não, sei que já não sou nenhuma criança ,as preciso, necessito que me abracem, que me ponham a mão no ombro.
Só queria que se preocupassem comigo, que olhassem por mim e para mim...
Eu estou aqui...
Só queria que eles soubessem que não grito com eles mas com a vida que foi tão dificil.
Não pedi, não quis, não me deixaram escolher...
E tenho a mãe de quem sou mãe e tenho o pai de quem sou pai...
E não tenho ninguém...
Ninguém...
Ninguém...
Que ninguém corre atrás de mim...
Que ninguém seca estas lágrimas...
Que ninguém está lá quando eu tenho esta dor...
Eu sei que a culpa não é deles, mas também não é minha... e eu estou cansada, estou exausta, fatigada... e a mim ninguém me ampara e eu vou a tudo e a todos.
Eu pago, eu limpo, eu curo, eu ralho, eu engomo, eu empresto, eu converso.
Tenho 19 anos e não aceito ter esta responsabilidade...
Tenho 19 anos e não aceito, eu não aceito...
Não tive 13, 14, 15, 16... eu não tive, eu não sinto...
E eu só queria, eu só desejo mas não posso acreditar que se mude...
E o que me faz tremer de dor é sentir no fim do dia que não fiz nada, que não sirvo para nada, que ninguém me sente...
Sou um buraco... há tantos anos que o sou... e tenho tanta vergonha de o ser e de não conseguir mudar....
Vivo cada dia
Vivo devagar
Vivo depressa
Vivo cada momento
Vivo cada segundo
Vivo cada beijo
Vivo cada jogo
Vivo cada debate
Vivo cada discussão
Vivo cada lágrima
Vivo cada suspiro
Vivo cada entardecer
Vivo cada olhar
Vivo
Vens, numa daquelas noites de insónia , de mansinho até mim.
Estamos deitados na cama, na tua cama; estou deitada de costas para ti.
E tu vens de mansinho acariciar-me o peito, só para mostrar que estás acordado e que desejas saciar as tuas vontades:
- Estás acordada?
- Estou...
Sem mais esperas, penetras o meu ser; recuperas o teu tempo perdido e eu... bem, eu não sinto nada...
Fico calada na noite, a observar o escuro.
Entretanto, gemes aflito de prazer e vens-te.
Aliviado, esfregas o teu falo já murcho nas minhas nádegas.
Beijas-me a nuca, viras-te para o outro lado e dormes.
... Continuo acordada...
Falas-me de ti, e do teu passado.
Os teus gostos seduzem-me e a tua doçura faz-me apreciar o que e quem tu és.
Os teus ruivos caracois enquadram a tua Jovem e inocente beleza.
Os teus olhos são castanhos, mas não num castanho brutop que pode ferir quem os contempla. São de um castanho claro e bondoso.
As tuas mãos são brancas e delicadas, as tuas unhas dão o toque final, cuidado e gentil.
És parecida comigo e tão diferente...
"És uma pessoa muito especial", sorris envergonhada, só um homem te diria tal e no entanto aqui estou eu, diante de i a elogiar a obra de arte que formas inconscientemente.
Gostas de falar comigo? eu gosto quando falas para mim, só para mim, quando os teus olhos se encontram com os meus sem malícias e sem perceberem que no fundo e sem querer eu (realmente) começo a gostar de ti...
Eu vou lá... devagarinho...